post image
  1. Introdução

Um projecto é um esforço único e temporário com o objectivo de agregar valor à empresa, por meio da criação de um novo produto ou serviço. Projectos possuem prazos estabelecidos desde o início de sua execução e contam com uma quantidade pré-definida de recursos disponíveis. Dois projectos nunca geram o mesmo resultado, já que lidam com objectivos, demandas e situações diferentes.

A gestão de projecto é ciência e é arte ao mesmo tempo. Neste contexto, a ciência é o sistema de processos de gestão de forma eficiente e eficaz de trabalho para entregar o resultado planeado sobre o projecto, isto é aplicação do conhecimento de gestão em projectos. Este resultado pode ser um produto ou um serviço. O conceito de gestão de projecto não é novo, ele existe desde os tempos antigos, como por exemplo, a construção de pirâmide do Egipto, foram aplicados processos, ferramentas e metodologias de Gestão de Projecto. A arte de Gestão de Projecto refere-se a forma como o Gestor de Projecto usa as habilidades tais como de influência, organização, estratégia, liderança e outras habilidades interpessoais e de trabalho em equipa.

       2. Áreas de Conhecimento de Gestão de Projectos

Actualmente a gestão de projecto contempla dez (10) áreas de conhecimento quando geridas de forma eficiente e eficaz produz resultado planeado no projecto. Estas áreas são

  1. Gestão de integração do projecto;
  2. Gestão do escopo do projecto;
  3. Gestão do cronograma do projecto;
  4. Gestão de custos do projecto;
  5. Gestão de qualidade do projecto;
  6. Gestão de recursos do projecto;
  7. Gestão das comunicações do projecto;
  8. Gestão de riscos do projecto;
  9. Gestão de contratos do projecto;
  10. Gestão das partes interessadas no projecto.

A gestão de escopo, cronograma, custo e riscos representam os quatro parâmetros críticos para o sucesso de um projecto. Quando estes parâmetros são bem geridos aumentam as chances do projecto ser considerado um sucesso do ponto de vista da gestão.

      3. Gestão de Projectos na Indústria Espacial

A gestão é a capacidade de atingir os objetivos, fazendo com que outros façam as tarefas necessárias. Também é referido como muito mais do que “apenas fazer o trabalho”. A gestão é essencial para qualquer tipo de organização, independentemente do seu tamanho ou natureza das operações. O objectivo de um Gestor é gerar excedentes, melhorar a produtividade, eficiência e eficácia.

Como já se referiu acima que a gestão de projectos tem sua importância em todos em que pretende-se desenvolver novos produtos ou serviços. Aqui a palavra nova refere-se igualmente a modernização de produtos ou serviços, e a indústria espacial como uma daquelas de maior desafio, a gestão de projectos ganha mais ainda teor de relevância. Embora que a metodologia de gestão de projectos diferencia-se de projecto para projecto, todos obedecem as mesmas fases: iniciação, planeamento, execução, monitoramento, controlo e encerramento (padrão PMI)embora que o ciclo de vida de um projecto espacial compreende 7 fases de acordo ao padrão europeu de gestão de projectos. Estas fases são: 0, A, B, C, D, E, F.

  • Fase 0 – análise de missão;
  • Fase A – análise de viabilidade;
  • Fase B – definição preliminar do projecto;
  • Fase C – definição detalhada do projecto;
  • Fase D – produção e qualificação;
  • Fase E – operação;
  • Fase F – descarte.

Tanto o modelo de gestão de PMI quanto o ECSS (European Cooperation for Space Standardization) propõe ciclos de vida de projectos que devem ser adaptados a cada projecto de forma individual.

Comparando o início dos projectos conforme propostos pelo PMI e pela ECSS constata-se que o modelo do PMI possui os grupos de processos para estudos de Concepção e Viabilidade do Projecto aglutinados em um grupo de processos denominado de iniciação, atendendo os requisitos relacionados nas Fases 0 e A do ciclo de vida do ECSS. No entanto, o PMBOK encerra o projecto com a entrega do produto, não deixando processos específicos para as fases E e F que são as fases de operação e descarte.

        4. Benefícios da gestão de projectos

  • Redução de custos

Uma das principais funções da gestão de projectos é monitorar e planear os gastos de um projecto. O gestor de projectos, por meio de gestão de custos, analisa a necessidade de determinado gasto e as possíveis formas de economizar, principalmente por meio do aproveitamento das oportunidades. Depois dos gastos serem calculados e previstos, fica mais fácil respeitar o orçamento definido no início do projecto, já que as consequências de cada gasto fica mais claro.

4.2  Cumprimento de prazos

O gestor de projectos também tem como função auxiliar na criação de um cronograma para sua execução, propondo prazos de início das etapas e de entrega de seus resultados. Como um projecto pode ser imprevisível, o gestor de projectos guia a criação do cronograma de modo mais flexível, que seja possível alterar datas de acordo com imprevistos e problemas, para que os atrasos sejam poucos e pequenos, não afectando a satisfação do cliente.

4.3  Engajamento dos funcionários

A gestão de projectos, por organizar funções e equipas, faz com que os funcionários tenham um melhor entendimento do impacto de seu trabalho no desempenho da empresa. Isso melhora também a comunicação entre as equipas, que passam a entender como cada etapa de um projecto afecta directamente a próxima e a relação entre gestor e funcionários.

4.4  Prevenção contra riscos

Todo projecto apresenta vários riscos que são impossíveis de prever. Porém, um gestor de projectos tem a função de estudar os possíveis riscos e planear maneiras de evitá-los ou contorná-los. Essa análise pode ser feita com base em projectos anteriores, para que seja possível entender o que a empresa já faz bem e o que precisa melhorar.

4.5  Satisfação dos clientes

Como mencionamos antes, um projecto é requisitado por um cliente e, por isso, todo o trabalho das equipas é direcionado para garantir que suas expectativas sejam alcançadas. Com a aplicação da gestão de projectos, todo o desempenho das equipas aumenta e o produto final é entregue no prazo definido, respeitando o orçamento e fazendo bom uso dos recursos disponíveis. Assim, o cliente fica muito mais satisfeito com o resultado do que com um produto entregue com atraso e de má qualidade.

Referências

Autor:

Júlio Morais
Especialista de Gestão de Infraestruturas Espaciais
Licenciado em Geofísica de petróleo, pela Universidade Agostinho Neto.