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Todo e qualquer projecto, independentemente do sector ou indústria, tem uma característica principal que é ter como objectivo final providenciar um producto ou um serviço. Esta característica permite sintetizar o conceito de um projecto como sendo “Um esforço TEMPORÁRIO empreendido para criar um EXCLUSIVO produto, serviço ou resultado” [2].

Neste contexto, no referido conceito existem duas palavras que nos permitem diferenciar projectos de operações, TEMPORÁRIO e EXCLUSIVO.

A natureza TEMPORÁRIA, significa que um projecto deve ter necessariamente um início e um fim. O início de um projecto é sustentado pela existência de uma oportunidade de um negócio ou valor a agregar, e seu fim consiste na passagem do producto gerado ou serviço para as operações “exploração do producto ou serviço”.

A natureza EXCLUSIVA, significa que o producto a ser gerado deve possuir uma natureza exclusiva, isto é não se assemelhar na sua plenitude há uma solução já existente.

Quando um projecto termina e o resultado esperado ser gerado (Delivereble), na perspectiva da gestão de projectos, este produto gerado deve ser entregue para as operações, onde a sua exploração diária deverá ser realizada, a fim de providenciar o serviço ou a função pela qual o produto foi criado.

Frequentemente, encontram-se gestores de operações confundirem-se com gestores de projectos e vice-versa. Esta desintegração só é possível quando se compreende a fundo, a lógica da natureza temporária e exclusiva que os projectos possuem.

PROJECTOS AEROESPACIAIS

Os projectos aeroespaciais são concebidos nestas duas perpectivas de serem temporários e exclusivos, com a especificidade de serem direccionados para a indústria aeroespacial, isto é, sector Aeronáutico, Espacial e ou da Defesa.

A gestão de projectos aeroespaciais gravita numa circunscrição que vai desde a Análise da Viabilidade do Projecto “Feasibility phase” até a sua Conclusão “Closure phase” [3].

Figura 1: Ciclo de vida de um projecto, Créditos Imagem: Prof. Jean-Claude Roussel, Systems Engineering Senior Expert (Airbus)

Independentemente de qual for a especificidade do projecto aeroespacial, deverá passar por estas fases, que representam o ciclo de vida de um projecto. Esta, é a via mediante a qual os projectos aplicáveis aos ciclos de vida proactiva ou waterfall (projectos cuja sua natureza permite ter uma visão clara do seu escopo) devem passar.

A sobreposição das fases observada na figura 2, representa a necessidade da iteratividade que deve existir durante toda a gestão do projecto, sem considerar nenhuma das fases como um elemento isolado.

Durante todo este processo da gestão do projecto, o gestor de projecto e a equipa envolvida, assim como todas as partes interessadas, deveram passar por inúmeros processos, entre os quais a gestão do Escopo, Custo, Tempo, Recursos, Comunicação, Riscos, Qualidade, Aquisição “Procurement”, etc. para produzir os entregáveis (deliverebles) necessários, para fazer o seguimento do projecto garantindo que os indicadores (KPI – Key Performance Indicators), apontam para o sucesso to projecto.

Projectos Aeroespaciais têm como resultados finais a criação de um sistema complexo constituído por um grande número de entidades que interagem de forma não simples e cujo comportamento é difícil de controlar [4].

A complexidade e a natureza destes exige a coordenação de uma série de elementos intangível numa perfectiva única, do gestor do projecto ou do patrocinador (Sponsor) do projecto. A gestão de recursos, sejam eles materiais ou humanos, desde a sua aplicação como a sua gestão definem grandemente o quão este processo pode tornar-se fácil ou difícil. Projectos são realizados por pessoas que independentemente das suas funções dentro destes, elas são o recurso mais valioso que projecto um pode ter e o seu comprometimento define o sucesso do projecto.

Para concluir, vale referir que cada projecto possui natureza única que o diferencia de todos os outros. A forma como este deverá ser gerido, dependerá unicamente da expertise do gestor do projecto, a natureza da organização e o ambiente em que o mesmo será desenvolvido.

REFERÊNCIAS:

  1. Caley, Bill, Aironline, Airbus Certifies New SwiftBroadband, June 2016;
  2. Project Management Body of Knowledge (PMBoK) V6, pag 36, May 2017
  3. Project Phase Lifecycle overlay, APM 2021/2022, Roussell, J. Claude Feb. 2022;
  4. Managing Large Scale Projects, APM 2021/2022, Barbaroux, Pierre, Nov. 2021.

AUTOR:

Osvaldo Porto

Licenciado em Engenharia Electrotecnia, na Especialidade de Telecomunicações pelo Instituto Superior Técnico Militar.

Especialista Sénior do Centro de Controlo e Missão de Satélites.