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Satélite é um corpo que orbita em torno de outro. Existem dois tipos de satélites, os naturais tais como a lua e os artificiais [1], que são satélites criados pelo homem e colocados em órbita e que movem-se em torno de outro corpo celeste.

O primeiro satélite lançado pelo homem Sputnik-1[2] abriu oficialmente a corrida  espacial entre soviéticos e americanos pela supremacia espacial e soberania entre as duas potentes nações, tendo então orientado todos os seus esforços tecnológicos para o espaço, primeiramente para objectivos estratégicos e militares, onde a informação chegava em tempo real nos centros de tomada de decisão. Desde então, milhares de satélites de diferentes missões foram lançados. Com o objectivo de se tornar mais rentável e suprir algumas necessidades de carácter civil, surgiram então novos actuadores na indústria espacial, focados em fornecer serviços às populações, e introduzir essa magnífica tecnologia espacial no seio dos produtos económicos e consequentemente gerar receitas.

Partes Constituintes da Indústria Espacial [3]

A indústria espacial é dividida em três grandes partes ou segmentos à citar:

Parte 1: é constituída pelas empresas que fabricam satélites, lançadores, sondas e os equipamentos que constituem os variados subsistemas. (Em inglês, upstream)

Parte 2: é constituída pelos centros de missão e controlo e toda classe operadora, para dar suporte aos satélites em órbita e as sondas no espaço. (Em inglês, midstream)

Parte 3: é constituída pelas estruturas terrenas focadas no suporte à aplicações e prestação de serviços (em inglês, downstream)

Importa referir que as grandes empresas do amplo mundo de satélites fazem parte desses 3 segmentos.

Descrição das Aplicações e Serviços dos Satélites

O presente artigo cinge a sua abordagem em 3 diferentes tipos de aplicações e serviços dos satélites: nos satélites de telecomunicações, nos satélites de observação da terra e nos satélites de navegação.

Em geral, os satélites disponibilizam ou fornecem dados que são aplicados de diferentes formas, proporcionando diferentes serviços.

Os Satélites de telecomunicação fornecem comunicação fixa e móvel (na terra, no mar em navios e no ar em aviões), isto é, vídeo (distribuição de um ponto de filmagem para o provedor de serviço, directo para casa – “DTH do inglês direct-to-home”), serviços de banda larga (internet em forma de comunicação interactiva incluindo voz, dados e vídeo através das gateways e VSAT, entroncamento de IP – “do inglês IP trunking”, e Backhauling), serviços de emergência e alerta.[4]

O satélite angolano de telecomunicações Angosat-2, comportará a tecnologia HTS (do inglês, HTS – High-Throughput Satellite, Satélites de alto rendimento) que é a tecnologia dos satélites de telecomunicações mais actualizada.

Com o lançamento do mesmo, que está previsto em 2022, o Estado Angolano estará a marcar um enorme passo na criação de infraestruturas inovadoras e resilientes, para impulsionar o desenvolvimento sustentável no sector das tecnologias espaciais, começando a colmatar com o 9º objectivo das Nações, “Construir infraestruturas resilientes, que promovem a industrialização inclusiva e inovadora.”[8]

Importa salientar que todos aqueles que têm ideias inovadoras no ramo das tecnologias, são convidados a transformar as ideias inovadoras em modelo de negócio para que tenhamos mais empreendedores digitais prestando serviços no ramo das tecnologias dependente dos satélites, contribuindo para o crescimento do PIB do nosso país.

Os satélites de observação da terra e sensoriamento remoto fornecem imagens ópticas, imagens por RADAR (do inglês radar, acrónimo de radio detecting and ranging, detecção e localização por ondas de rádio) e imagens por LIDAR (do inglês Light Detection and Ranging, detecção e localização por Luz). Os dados digitais (imagens de satélites) podem ser aplicados para produzir os mapas temáticos e topográficos, monitorar o ambiente, planificação urbana, desflorestação, gestão de catástrofes naturais e industriais, agricultura de precisão, geo-inteligência e etc. [5]

Angola tem em carteira Programas de observação da terra para alavancar este sector e que podem ser implementados por meio de startups, pequenas e médias empresas que queiram empreender no ramo. Faço emergir que a presente área espacial oferece uma oportunidade de nichos, para todos os interessados em inteligência artificial e aprendizado de máquina, (do inglês, machine learning), uma vez que o mercado para monitorização do meio ambiente, planificação urbana, e agricultura de precisão ainda está em crescimento.

Os satélites de navegação fornecem uma gama de aplicações na área civil e militar (terrestre, marítimo e aeroespacial). De mencionar que, países como os Estados Unidos da América, Rússia, China e Índia assim como o continente Europeu operam os seus próprios sistemas de navegação: GPS, GLONASS, BeiDou, Navic e Galileo, respectivamente.

Actualmente, o sistema global de navegação por satélite, como o Galileo, é usado para determinar a localização dos usuários e a localização de outras pessoas ou objetos em qualquer momento. O alcance da aplicação do satélite no futuro é enorme, incluindo os sectores público e privado em vários segmentos de mercado, como ciência, transporte, agricultura etc. [6]

Os sistemas de navegação Galileo e GPS usam outros sistemas de navegação tais como: O Serviço Europeu de Sobreposição de Navegação Geoestacionária EGNOS (do inglês European Geostationary Navigation Overlay Service) e o Sistema de aumento de área ampla WAAS (do inglês Wide Area Augmentation System) respectivamente, para melhorar o desempenho dos sistemas globais de navegação por satélite (GNSS), sendo implantado para fornecer serviços de navegação vitalícia para usuários da aviação, marítimos e terrestres na maior parte da Europa e nos Estados Unidos. [7]

As Aplicações de satélites estendem-se transversalmente em vários sectores da vida moderna, desde a indústria ao campo, sendo parte da solução dos problemas do mundo moderno. O nosso país Angola, tem caminhado nesse sentido, com a definição do programa espacial nacional, que prevê a construção e lançamento de satélites com diferentes missões e serviços, tais como: comunicação, observação da terra e meteorologia, que uma vez em órbita proporcionarão aplicações e serviços que contribuirão na solução dos grandes desafios, como a diversificação da economia, prevenção de catástrofes naturais, melhoria dos serviços de telecomunicação, agricultura de precisão, etc.

Só com a criação de serviços que agregam valor na vida quotidiana do cidadão, se observa o crescimento socioeconómico do país, alcançando alguns dos objectivos para o desenvolvimento sustentável  estabelecidos pelo Estado Angolano e pelas Nações Unidas.

Referências Bibliográficas

 [1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Satélite_artificial

[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Sputnik

[3] https://en.wikipedia.org/wiki/Space_industry

[4] Livro: Satellite Communications Systems, Techniques and Technology

[5] https://en.wikipedia.org/wiki/Earth_observation_satellite

[6] https://en.wikipedia.org/wiki/Satellite_navigation

[7] https://pt.wikipedia.org/wiki/EGNOS

[8] https://nacoesunidas.org/pos2015/ods9/

Elaborado por:

MSc. Eng.º Hugo do Nascimento,

Mestre em serviços e Aplicações espaciais, pelo instituto ISAE-SUPAERO, Toulouse, França;

Mestre em Sistemas de Telecomunicações e Multicanais. Pela Universidade RSREU, Ryazan, Rússia.