post image

Com o início da física experimental onde Galileu [1] apresentou um fluxograma de desenvolvimento metodológico, os fenómenos passaram da representação teórica e empírica para a experimentação prática. Diversos estudos foram desencadeados em todas as academias, em diferentes direcções do saber incluindo os enigmáticos fenómenos naturais assim como a luz.

Entre muitos cientistas que fizeram estudos sobre a luz tal como: William Herschel, Johann Ritter, Isaac Newton com modelo corpuscular da luz [2], James Maxwell e outros fizeram com que aparecessem as primeiras teorias sobre a mesma, mas foi Michael Faraday que realmente conseguiu na prática trazer um trabalho mais completo sobre esta temática, isto em 1846. [3]

Nestes aprendizados, apresentados por estes cientistas ao longo da linha temporal, concluíram que toda a radiação electromagnética contém amplitude (brilho), frequência (cor) e polarização (ângulo de vibração), e que a luz é a radiação electromagnética pulsante que se situa entre a radiação infravermelha e ultravioleta conforme ilustra a figura. [4]

Figura 1: Espectro electromagnético com a frequência (cor) e diferentes dispositivos. Fonte: Ensaios Mecânicos, Helson Moreira Costa. 

Com a introdução da electrónica foi possível criar dispositivos capazes de produzir as oscilações nas ondas electromagnéticas, os denominados rádio. Com a divulgação da técnica e o aparecimento de diferentes rádios transmissores em diferentes frequências, surgiu a necessidade de se padronizar e regular o espectro a nível nacional e a nível internacional.

Internacionalmente o espectro é regulado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) [5], onde estabelece que a banda C é a porção do espectro electromagnético na gama de frequência de microondas entre 4.0 – 8.0 GHz (Gigahertz). É usada em satélites de telecomunicações, em satélites de observação da Terra, em dispositivos Wi-fi, em radares [6] e em 5G.

A nível nacional o espectro é monitorado e regulado pelo Instituto Nacional das Comunicações (INACOM).

Neste artigo esmiuçaremos apenas o uso da banda C e 5G em satélites de telecomunicações. 

USO EM 5G

Na transmissão sem fio, mais rapidez demanda atingir frequências mais altas. Com a demanda do mercado e a própria característica peculiar da tecnologia, isto é, a evolução das gerações da tecnologia móvel celular, fazem com que frequências usadas na banda C sejam realocadas para o serviço terrestre em muitos países em todo mundo.

Na prática, a hiperconexão garantida através do 5G permitirá uma velocidade dos dados até 10Gbps e latência entre 5 – 20 ms [9]. O governo Angolano estudando a evolução desta tecnologia, garantiu que o Angosat – 2 esteja preparado para dar suporte aos operadores móveis que queiram fornecer serviço de quinta geração aos seus clientes.

O regulador no nosso país está a considerar uma realocação, e ela deve ter em consideração o pleno ecossistema de comunicações existente, para salvaguardar o interesse de todos os participantes e evitar interferências.

USO EM SATÉLITE DE TELECOM

A banda C é tradicionalmente usada para a comunicação via satélite, e por apresentar robustez à diferentes condições climáticas em relação a propagação do sinal, é a mais indicada para controlar os satélites. Por exemplo, com o Angosat -2 não é diferente, o envio de comando (instruções para o satélite executar) e a recepção de telemetria do satélite é feito nesta banda por este mesmo motivo. [4]

Adicionalmente, o Angosat 2, para além de manter o controlo por meio da conectividade com a estação terrena, também presta serviços nesta banda utilizando feixes globais.  

Enquanto nas capitais das províncias a comunicação móvel é garantida através de enlaces ponto à ponto e fibra óptica, o Angosat 2 está capacitado para disponibilizar a comunicação móvel nas zonas mais remotas das capitais províncias, através da tecnologia backhaul.

Em suma, Angola tem dados seus passos rumo as tecnologias em concordância com o plano de desenvolvimento do governo, e com a agenda das nações 2030, cumprindo com a conclusão de projectos grandiosos como este, o Angosat-2. 

REFERÊNCIA

  • EVA LAGUNAS1 (Senior Member, IEEE), CHRISTOS G. TSINOS1 (Member, IEEE), SHREE K. SHARMA1 (Senior Member, IEEE), and SYMEON CHATZINOTAS1 (Senior Member, IEEE) 5G Cellular and Fixed Satellite Service Spectrum Coexistence in C-Band
  • Roberto de Andrade Martins, Cibelle Celestino Silva – As pesquisas de Newton sobre a luz: uma visão histórica.
  • Dissertação: controle de estado de polarização da luz em sistemas ópticos, Abril de 2012, Rio de Janeiro.


Autor: 

Hugo do Nascimento

Departamento de Estudo e Mercados.

Mestre em serviços e Aplicações espaciais, pelo Instituto ISAE-SUPAERO, França

Mestre em Sistemas de Telecomunicações e Multicanais, pela universidade RSREU, Rússia