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Informações sobre o estado actual do ANGOSAT-2
Depois do árduo trabalho, que consistiu em diferentes etapas (concepção, desenho, testes) para a colocação em órbita do satélite de Telecomunicações ANGOSAT-2, a equipa angolana devidamente treinada e certificada pelas agências espaciais internacionais, tem operado o satélite no Centro de Controlo e Missão na Funda, garantindo o comportamento estável e nominal do ANGOSAT-2.
Mas para quem está fora deste mundo, talvez se questiona, como está o satélite? O que está a ser feito a nível do segmento terrestre? O que está a acontecer com o satélite a 36 000 quilómetros da superfície da terra? Como é o dia-a-dia de um operador de satélite? Será que o ANGOSAT-2 está em situação nominal? Muitas e outras questões serão narradas detalhadamente neste artigo.
O que é operar um satélite?
O satélite é uma obra de arte muito bem esculpida na tecnologia moderna, constituído por vários subsistemas do ponto de vista funcional e de duas partes do ponto de vista estrutural, a plataforma (módulo de serviço composto por vários subsistemas) e a carga útil (módulo de comunicação).
Os subsistemas que constituem o satélite (subsistema de controlo de bordo, subsistema de alimentação eléctrica, subsistema de propulsão, subsistema de controlo e determinação de altitude, subsistema térmico, subsistema de navegação e balística), produzem uma série de informações sobre os seus níveis de funcionamento, descrevendo o estado operacional do satélite e enviam esta informação denominada por telemetria para a estação terrena localizada na Funda.
A telemetria é recebida na estação terrena da funda, é analisada pelas equipas de operação e análise, que avaliam o estado operacional do satélite e arquivam os dados em formato de relatório. Estes relatórios são depois usados para que a equipa de operação criao plano mensal, semanal e diário. Planos estes que são enviados para o satélite ANGOSAT-2 em forma de comandos de requisição do relatório e comando de interconexão.
Assim sendo, este processo de envio de planos em forma de comando para o satélite, analisar telemetria recebida em forma de relatório, descreve o dia-a-dia do operador no Centro de Controlo e Missão na Funda (MCC).
O que está acontecer com o satélite ANGOSAT-2?
Neste momento, em que o satélite encontra-se em situação nominal, isto é, o satélite está estável e apresenta os parâmetros dentro da norma, é exposto a fenómenos naturais como eclipses e interrupção solar, fenómenos estes de carácter natural, e que são completamente dominados pelas nossas equipas de operação.
Por exemplo a equipa de balística, que responde pela pergunta “onde está o satélite?”, sabe que o plano de manutenção que deve ser enviado para o satélite para realizar a manobra, só pode ser executado uma hora antes ou uma hora depois do eclipse ter acontecido.
Nos meses de Março, Abril, Agosto, Setembro e Outubro os eclipses são muitos frequentes, e as baterias devem estar preparadas para alimentar o satélite energeticamente durante a ocorrência deste fenómeno em intervalos não muito longos.
Fase de comercialização
A capacidade do satélite ANGOSAT-2 já está a ser comercializada. Salientar que a abertura deste processo decorreu a 10 de Fevereiro de 2023, e esta autorização para comercializar a título transitório advém do despacho presidencial N.º 11/23 de 23 de Janeiro.
Tem havido muito interesse por parte do empresariado nacional e internacional no que concerne ao uso das capacidades do satélite, facto este que tem levado as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações a avaliarem as suas necessidades e contratos existentes para a possível migração ao ANGOSAT-2.
É importante salientar que o processo de migração das empresas tem as suas nuances não é automático, leva tempo e requer custos. Por exemplo, acontece o redireccionamento das antenas destas empresas para o nosso satélite, processo este que de acordo com a quantidade de antenas pode demorar seis meses ou mais. Acontece também a actualização de alguns equipamentos em função da nova tecnologia que o nosso satélite apresenta, que consiste na alta taxa de transmissão de dados ou simplesmente alto desempenho.
Outro passo importante e que também tem acontecido são os testes de desempenho, onde as empresas prestadoras de serviços de telecomunicações, alocam suas antenas e direccionam para o satélite ANGOSAT-2 e testam o enlace de comunicação, de formas a aferir os níveis do sinal desejado, é um trabalho realizado pelo NOC do MCC.
A equipa angolana trabalha afincadamente para manter o satélite em órbita, em condições nominais, para que os serviços no qual foi designado seja prestado, que é, permitir aos operadores de serviços de telecomunicações estender os serviços de comunicação nas zonas mais remotas de Angola e do continente, bem como permitir o uso da moeda nacional como pagamento das capacidades do satélite contratada, podendo melhorar a economia nacional.
Autor
Hugo do Nascimento
Departamento de Mercados e Serviços
Mestre em serviços e Aplicações espaciais, pelo Instituto ISAE-SUPAERO, França
Mestre em Sistemas de Telecomunicações e Multicanais, pela universidade RSREU, Rússia
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