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SATÉLITES DE OBSERVAÇÃO DA TERRA
Um satélite natural é um corpo celeste que orbita em torno de um planeta ou outro corpo maior. Dessa forma, o termo satélite natural poderia referir-se a planetas anões orbitando uma estrela, ou até uma galáxia anã orbitando uma galáxia maior. Porém, o satélite natural é normalmente um sinónimo de lua, usado para identificar satélites naturais de planetas, planetas anões ou corpos menores. Por exemplo, a Lua é o satélite natural da Terra.
As primeiras ideias sobre satélites artificiais surgiram no século XVIII com as teorias sobre gravitação de Isaac Newton. No século seguinte diversos escritores de ficção científica, tais como Arthur C. Clarke, propunham novos conceitos sobre satélites, até que os cientistas perceberam a real possibilidade e utilidade de tais corpos em órbita. Com base em diversos estudos e testes, foi lançado pelos soviéticos em 1957 o primeiro satélite artificial da história, o Sputnik 1, o que, em tempos de Guerra Fria, marcou o início da corrida espacial. Desde então foram lançados milhares de satélites artificiais de diversos tipos, os quais seguem descritos:
Satélites Astronómicos, usados para a observação de planetas distantes, galáxias e outros objectos espaciais; Biossatélites, que são satélites concebidos para transportar organismos vivos, geralmente para experiências científicas; Satélites de Comunicação, que são satélites colocados no espaço para o propósito das telecomunicações. Os satélites de telecomunicações modernos usam tipicamente as órbitas geossíncronas, órbitas Molniya ou órbitas baixas; Satélites de Observação da Terra, Sensoriamento Remoto ou Teledetecção, que são satélites usados para fins civis tais como monitoramento ambiental, meteorologia, mapeamento do território, etc.; Satélites de Navegação são satélites que usam sinais de rádio transmitidos para possibilitar aos receptores móveis em terra a determinação da sua localização exacta. A linha de visão relativamente desimpedida entre os satélites e os receptores em terra, em combinação com uma electrónica cada vez mais eficiente, permite aos sistemas de navegação via satélite medirem a localização com precisão na ordem de poucos metros, em tempo real;
Satélites Homicidas são satélites concebidos para destruir ogivas inimigas e outros activos espaciais; Veículos Espaciais Tripulados (Naves Espaciais) são grandes satélites capazes de colocar seres humanos em órbita (e além) e retorná-los à terra. Veículos Espaciais, incluindo naves espaciais de sistemas de lançamento reutilizáveis, têm grandes instalações de propulsão ou aterragem. Podem ser usados para transporte de ida e volta das estações orbitais; Satélites Miniaturizados são satélites de massas e tamanhos excepcionalmente pequenos. As novas classificações são utilizadas para categorizar esses satélites: Minisatélite (500-1000 kg), Microsatélite (abaixo de 100 kg), Nanosatélite (abaixo de 10 kg), Pico Satélite (abaixo de 1 kg);
Satélites de Reconnaissance são satélites de observação da terra ou de comunicações, empregues com aplicação militar ou de inteligência. Muito pouco se sabe sobre o poder total destes satélites, sendo que os governos que os operam normalmente mantêm as informações relacionadas aos seus satélites de reconnaissance confidenciais; Satélites de Recuperação são satélites que proporcionam a recuperação de satélites de reconnaissance, biológicos, produção espacial e outras cargas úteis, das órbitas para a Terra; Satélites de Energia Solar Baseados no Espaço são propostas de satélites que iriam captar energia solar e transmitir para uso na Terra e outros lugares.
Entre tantas aplicações de satélites artificiais, este artigo cinge-se particularmente em satélites de Observação da Terra, também conhecidos como satélites de Sensoriamento Remoto ou de Teledetecção. Estes satélites usam instrumentos modernos para angariar dados ou informações sobre a natureza e a condição do solo, mar e atmosfera da Terra. Localizados no “terreno elevado” do espaço, esses satélites utilizam sensores que conseguem “ver” uma ampla área e apresentar detalhes em pormenor sobre o clima, o terreno, e o ambiente.
Os sensores recebem emissões electromagnéticas em várias bandas do espectro que revelam quais dos objectos são visíveis, tais como nuvens, colinas, lagos e muitos outros fenómenos abaixo. Esses instrumentos conseguem detectar a temperatura e composição de um objecto (cimento, metal, solo, etc), a direcção e velocidade do vento, e condições ambientais tais como erosão, incêndios e poluição. Com esses satélites sofisticados, podemos aprender bastante sobre o mundo em que vivemos. A tecnologia militar de sensoriamento remoto também tem tido aplicações civis de valor. O Landsat dos Estados Unidos e o Sistema SPOT (Satellite Pour L’Observation de la Terre, do francês Satélite Para a Observação da Terra) da França são bons exemplos. Os mesmos produzem imagens detalhadas de áreas urbanas e regiões para agricultura, “espiam” as correntes marítimas e recursos naturais para auxiliar os camponeses, gestores de recursos e planeadores demográficos.
Em países onde a falha de uma colheita pode significar a diferença entre abastança e fome, satélites já ajudaram planeadores na gestão dos escassos recursos e a prevenir potenciais desastres antes de insectos ou outras pragas exterminem plantações inteiras. Por exemplo, em regiões propícias para agricultura à margem do deserto do Sahara em África, cientistas fizeram uso das imagens do Landsat para prever onde pragas de gafanhotos se estavam a reproduzir. Deste modo, foram capazes de impedir que os gafanhotos se juntassem, salvando enormes áreas de cultivo.
Os dados de sensoriamento remoto podem também ajudar-nos a gerir outros recursos escassos mostrando-nos os melhores lugares para perfurar, para encontrar água ou petróleo, para a exploração de recursos minerais e a gestão do património natural e cultural. Contribui ainda para o melhor planeamento territorial e o desenvolvimento da cartografia, bem como para a previsão meteorológica. A partir do espaço, consegue-se facilmente ver incêndios nas florestas tropicais da América do Sul, para além das árvores que são cortadas para se fazerem estradas e quintas, e contribuir para a silvicultura. Os satélites de observação da terra têm-se tornado armas formidáveis contra a destruição do ambiente porque podem, de maneira sistemática, monitorizar vastas áreas para a avaliação da propagação da poluição e outros danos. Projectos como o Programa de Sensoriamento Remoto da Terra dos Estados Unidos, Landsat, teve início no princípio da década de 70 e revelou-se incalculável para o rastreamento e gestão dos recursos da terra.
A observação por satélites do espaço Nacional desempenha igualmente um papel indispensável na defesa e segurança do Estado, ao permitir a sua vigilância e monitorização (incluindo das fronteiras), a recolha de informações e a prevenção e combate à criminalidade e terrorismo. É ainda fundamental na prevenção e combate aos desastres naturais, na gestão da ajuda humanitária e na realização de comunicações de emergência.
Referências:
Estratégia Espacial Nacional
Understanding space
Wikipedia
Autor:
Eng.º Edson Jorge Vieira Lopes
Licenciado em Engenharia de Telecomunicações e Redes Informáticas
Director da Área de Análise de Subsistemas de Satélites
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