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O século XXI prospera nas tecnologias de Informação e comunicação. A telefonia de voz expandida, os cabos submarinos de fibra óptica e o constante acesso mundial à Internet transformam a sociedade e os negócios, permitindo assim o contacto global imediato, a transferência de conhecimento e de informação [1].

Esta prosperidade é interpretada como o crescimento económico, e para que isto aconteça o acesso fiável a internet, serviço de rádio, telefones móveis a preços módicos é uma condição indispensável e, infelizmente, o continente africano em 2021 apresentava uma taxa de conectividade da população de apenas 13%, segundo o relatório Factos e Números 2021 da União internacional das Telecomunicações (UIT), e em média o continente tem os preços mais altos de conectividade a internet principalmente na região da SADC [2].

Os custos nas telecomunicações são reduzidos com o advento de avanços tecnológicos, bem como o investimento em infra-estruturas como fibras opticas, redes de micro-ondas e para o caso de África cujo a enorme dimensão dos países, diversidade do terreno, a dispersão das suas comunidades por um vasto território rural, representa uma desafio para a tecnologia das comunicações, fazendo com que o investimento em satélites de telecomunicações seja a melhor opção.

Com a problemática do custo elevado na região, em 2012, a SADC publicou o seu Plano Director de Desenvolvimento Regional de Infrae-struturas que estabelecia as prioridades da região para novas infra-estruturas até 2027. O plano mostrou que, embora já existissem muitas infraestruturas de tecnologia de informação e comunicação na SADC, as mesmas tivessem sido implementadas de forma ineficiente devido à falta de desenvolvimento noutros sectores, e nos casos de implementação eficaz, a região adoptou a tecnologia com entusiasmo.

Na presente data, dados da SADC indicam o seguinte cenário sobre as tecnologias de informação e de comunicação:

Aproximadamente 60% da população adoptou a tecnologia móvel, com gamas regionais entre 20% e 100%;
Apenas 6% do total de assinantes de voz têm linhas fixas;
Em toda a região, apenas 4% dos residentes da SADC são utilizadores da Internet;
A utilização de Internet varia muito entre os estados membros, de 1% na República Democrática do Congo a 40% nas Seicheles;
Menos de 25% das fronteiras entre os Estados-membros vizinhos da SADC trocam tráfego na Internet, os restantes trocam fora da região.

A região da SADC ainda tem os preços de dados mais caros do mundo, segundo o relatório Wolrdwide Mobile Data Pricing 2021 da cable.co.uk, que compara o custo de 1GB de dados móveis de planos de dados de cerca de 230 países.

Esta comparação classifica a região da SADC como a mais cara do mundo com o preço médio de 1GB de dados móveis a chegar $ 6,44 (Seis dólares e quarenta e quatro cêntimos), cerca de AOA 3.240,43 (Três mil duzentos e quarenta kwanzas e quarenta e três cêntimos).

Os custos de dados variam entre os países da região desde os mais caros como Malawi ($25,46) e Namíbia ($22,37), a nível intermédio Seychelles ($8,64) e Botsuana ($3,92), a nível aceitável aparecem Congo ($2,88), Moçambique ($2,79), África do Sul ($2,67) e Essuatíni ($2,24) e entre os melhores colocados com os custos mais baixos estão Angola ($1,61), Zâmbia ($1,13), Maurício e Tanzânia respectivamente ($0,75).

Infra-estruturas dos países

Os países com o custo mais baixo em comunicações e dados acabam tendo excelentes infra-estruturas e as empresas prestadoras de serviço podem providenciar grande volume de dados e podem ter também um mercado bem regulado.

Alguns custos a nível intermédio possa ser que haja sim boa infra-estrutura e o mercado ser competitivo, mas que os consumidores podem não necessariamente considerar que os preços sejam altos em alguns casos.

A existência de redes de banda larga, contribui consideravelmente nos custos das comunicações sendo que elimina a dependência total do uso de dados móveis.

O investimento em infra-estruturas como satélites de telecomunicação para países Africanos e a região da SADC continua sendo a resposta para maior, melhor conectividade a curto e médio prazo a custos acessíveis, bem como programas de partilha de recursos ou infraestruturas, pois o acesso às comunicações fiáveis é factor de desenvolvimento socioeconómico.

Autor:
Gilson Mateus Cardoso dos Santos, 24 de Janeiro de 2023
Mestre em Serviços e Aplicações Espaciais pela ISAE SUPAERO
Chefe de Departamento de Estudos e Mercados (DEM)
Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN)

Referências

https://www.sadc.int/pillars/ict-telecommunications [1]

https://www.capacitymedia.com/article/2am5m2w756e6cohb0chkw/big-interview/opportunities-in-african-satellite [2]

https://www.connectingafrica.com/author.asp?section_id=761&doc_id=756372[3]

https://www.connectingafrica.com/author.asp?section_id=761&doc_id=768680

https://www.statista.com/statistics/1180939/average-price-for-mobile-data-in-africa/

https://www.engineeringnews.co.za/article/telephony-costs-to-sadc-countries-slashed-2004-09-17

https://afr-ix.com/telecommunications-in-sadc/