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Aplicabilidade dos satélites para o desenvolvimento sustentável
Angola é um país situado geograficamente no continente Africano na região da África Austral, dispondo de uma bela beira costeira proporcionada pelo Oceano Atlântico e faz fronteiras com os países como Congo, Zâmbia, Namíbia ao Norte, Leste e Sul, respectivamente. [1]
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), Cerca de 32.097.671 pessoas habitam em Angola (2021) [2], com uma taxa de crescimento anual de 3,2% [3] numa extensão territorial de 1.246.700 km2.
A particularidade de conter a Norte uma floresta e ao Sul o deserto, suscita a admiração de quem a contempla, pois, a sua beleza é um cartão postal para o mundo.
Porém, o que discernimos quando observamos o território nacional com uma visão de Águia? O que concluímos depois de uma análise feita a partir de mais de 400 Km acima da superfície terrestre?
As interrogações acima serão melhor explanadas, com ajuda de algumas técnicas de processamento de imagens por satélites e com a combinação de algumas faixas espectrais (faixas do vermelho, verde, azul e infravermelho), cujo objectivo se resume na extração da informação através de indicadores geoespaciais ao longo do ecossistema sócio ambiental nacional, como por exemplo: indicador de distribuição da densidade populacional e da humidade do solo.
Planificação Macro Estratégica
Este tipo de estudo é feito para avaliar as regiões geográficas, planear e projectar estrategicamente infraestruturas, ou seja, avaliar a distribuição dos polos agroindustriais e não só, ao longo do território nacional (observar fig. 1) e extrair determinada informação que venha servir para a tomada de decisões pelas entidades competentes.
Portanto, a utilização de imagens de satélite e suas respectivas aplicações, desempenham um papel extremamente importante na definição dos eixos estratégicos para o alcance de determinados objectivos, como por exemplo: desenvolvimento humano e bem-estar, desenvolvimento económico e sustentável.
Assim, o estudo da distribuição populacional permite observar em primeiro lugar as regiões com maior população por km2 e decidir sobre: [4]
-População economicamente activa;
-Tipos de investimento (futuros polos agroindustriais e não só), de modo a gerar novos postos de trabalho e contribuir para a redução da pobreza;
– Onde e o que produzir;
– Como escoar os produtos;
– Definição de mercados alvo, etc.
A figura abaixo, ilustra a distribuição populacional no território nacional, aonde a região em vermelho representa a mais duas mil pessoas em um quilómetro quadrado:
Figura 1: Distribuição da densidade populacional por km2, fonte:Angola drought
Análise climática dos Solos.
Para um país tropical quanto ao nosso, aonde parte da população ainda pratica a agricultura de subsistência, as cooperativas agrícolas vão marcando passos para escalar a própria actividade e a produção em grande escala ainda é um desafio, analisar o estado dos solos por via das imagens de satélite e dos índices derivados da combinação das suas faixas espectrais, é um recurso importante na caracterização dos solos.
No entanto, um dos índices mais utilizados para o efeito é o Índice de Humidade do Solo (do inglês – SWI – Soil Water Index), cujos dados permitem fazer uma análise histórica (na figura2: desde janeiro de 2007 até dezembro de 2020), evidenciando assim o comportamento do território nacional ao longo deste período.
Vemos por exemplo nas figuras abaixo, que a partir do mês de Janeiro (na figura month = 1) até ao mês de Maio, o solo do Norte de Angola apresenta – se bastante húmido (cor azul) e nos outros meses incluindo a época de cacimbo, o resto do território nacional apresenta um índice abaixo dos 25% (cor vermelha).
A extração deste tipo de informação é permitida através da monitorização constante dos satélites e é bastante benéfica para a observação das condições solos, essencialmente para a agricultura nas regiões tropicais, onde há uma dependência de 100% das condições climáticas naturais. [5]
Figura 2: Distribuição dos dados históricos do índice de humidade dos solos
Deste modo Angola vem trazendo um conjunto de produtos tecnológicos espaciais (imagens de satélites, indicadores de densidade populacional e humidade dos solos, mapas temáticos etc) por meio do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), contribuindo para o desenvolvimento, e para o cumprimento de muitos dos planos estratégicos definidos pelo governo traduzidos em desenvolvimento sustentável definidos pelas Nações Unidas.
Referências:
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Angola
- https://www.ine.gov.ao/inicio/estatisticas
- https://datacommons.org/place/country/AGO?utm_medium=explore&mprop=count&popt=Person&hl=en
- https://angola-drought.s3.amazonaws.com/index.html
- https://navigator.eumetsat.int/product/EO:EUM:DAT:METOP:SWI
Eng.º Hugo do Nascimento
Mestre em serviços e Aplicações espaciais, pelo Instituto ISAE-SUPAERO, França
Mestre em Sistemas de Telecomunicações e Multicanais, pela universidade RSREU, Rússia
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